Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA:
(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.html) para realizarem-na de forma correta e
não deixar que sejam desclassificadas.
Meus Primeiros
Treinadores
Nasci em Copacabana, no Rio de Janeiro, numa família de classe média
alta que me deu mais do que o essencial: amor, conforto, instrução, exemplo de
vida e intensa atividade física nas horas vagas.
Pelos sonhos de minha mãe, Maria Ângela, meu futuro seria a advocacia ou
outra profissão liberal. Mas, como todos sabem, sonhos de mãe nem sempre se
realizam. Meu pai, Condorcet Rezende, deve seu primeiro nome à homenagem que
meu avô quis prestar ao Marquês de Condorcet, precursor filosófico de Augusto
Comte.
Mais que pai, o meu foi sempre um modelo de caráter, de lealdade, de
ética, de respeito às pessoas: ”São coisas que não se compram, pois não estão à
venda...” Foi em seu livro Andanças e Caminhadas, uma
coletânea de textos diversos, que conheci muitos dos lemas positivistas que
influenciariam minha vida: ”O amor por princípio e a ordem por base, o
progresso por fim”, ”Saber para prever, a fim de prover”, ”Agir por afeição,
mas pensar para agir”, entre outros.
Desde cedo Maria Ângela e Condorcet mostraram o valor da instrução,
fundamental para o nosso desenvolvimento cultural e profissional, meu e de meus
irmãos - por ordem, Rodrigo, eu, Guilherme, Patrícia e Eduardo. De certa forma,
foram nossos primeiros ”treinadores”. Devemos a eles o ensinamento segundo o
qual - fôssemos advogados, engenheiros, médicos ou professores - não
chegaríamos a lugar algum se não estudássemos, trabalhássemos e suássemos
muito, com muita dedicação.
Toda a família se dedicou aos esportes. Nossos pais viam nas atividades
físicas um complemento valioso à formação dos filhos. Entre todas as
modalidades que pratiquei, foi no judô que me saí melhor, aluno do mestre
japonês Ynata. Fui vice-campeão carioca infanto-juvenil, mas o que devo de fato
ao judô não são as vitórias e sim a disciplina e a possibilidade de pôr
racionalmente para fora a energia que todo jovem tem dentro de si.
Não esqueço as pequenas punições (leves bambuzadas nas pernas) aplicadas
por mestre Ynata, sem dúvida as primeiras lições de perseverança e motivação
que tive. Foi ele quem me ensinou a não desmoronar quando perdesse uma luta e,
acima de tudo, levantar depois de cair.
O voleibol. Descobri-o na praia, onde Rodrigo e eu jogávamos com uma
turma de amigos. Nada sério, que fizéssemos com a intenção de um dia jogar para
valer. Só queríamos brincar. E para isso bastavam uma faixa de areia, uma rede
e uma bola. Se um time de verdade entrou em nossas vidas, isso se deve a
Vitorio Mendes de Moraes, vizinho pouco mais velho que nós para quem o voleibol
já tinha deixado de ser uma simples brincadeira. Ele e a irmã Lúcia jogavam
pelo Fluminense, ambos muito bons. Achando que levávamos algum jeito, Vitorio nos
convidou, a Rodrigo e a mim, para fazermos teste no mirim do seu clube. Fomos.
E me tornei um botafoguense adotado pela família tricolor.
Quem dirigia as categorias de base do Fluminense era Benedito da Silva,
o Bené. Grande treinador, maravilhosa figura humana. Um ”fazedor de craques” -
que o digam Bernard, Fernandão, Badá e outros que integrariam a chamada “geração
de prata”.
Com Bené aprendi mais do que jogar vôlei. As primeiras noções de
liderança, de disciplina, da importância de fazer parte de uma equipe, de
tratar todos segundo os mesmos valores, mas não necessariamente da mesma forma,
tudo isso me foi passado por ele. E mais a paixão pelo voleibol. Bené
acreditava firmemente - e transmitiu isso aos seus jovens jogadores - que não
se deve fazer nada na vida sem paixão.
Bené tinha um grande senso de observação. Nos treinos do infanto-juvenil
do Fluminense, eu costumava brigar muito com Rodrigo. Era meu espírito
resmungão, de cobrar, de dar palpite no jogo do outro, de exigir que todo mundo
se empenhasse mais. Rodrigo, ótimo temperamento, deixava que eu brigasse sozinho.
Levava na brincadeira o que eu insistia em transformar em bate-boca. Sempre que
isso acontecia, Bené parava o treino e ordenava:
- Chega, Bernardo! Vai pro chuveiro.
Tomei dezenas de banhos antecipados por decisão do treinador. Eu saía do
clube inconformado. Não me esqueço daquelas viagens de ônibus depois que Bené
me obrigava a deixar o treino mais cedo. Por que era sempre eu o culpado? Por
que razão, numa discussão, só eu era expulso? Sentia-me perseguido,
injustiçado, convencido de que o treinador não gostava de mim.
Uns 20 anos depois, quando dirigia a seleção feminina do Brasil, eu
costumava convidar Bené para assistir aos nossos treinos no Centro de
Capacitação Física do Exército, na Urca. Já idoso, ele se sentava num canto,
observando tudo em silêncio. Um dia, não resisti e desarquivei o assunto:
- Bené, me explica uma coisa: por que, sempre que eu brigava com meu
irmão, você me expulsava do treino e nunca tirava ele, que não queria nada?
Resposta do
velho treinador:
- Justamente por isso, porque seu irmão não queria nada. Se eu o
mandasse embora, talvez ele não voltasse mais e eu precisava dele no time. Já
você estava tão envolvido no vôlei que eu tinha certeza de que voltaria sempre.
A capacidade de Bené para motivar os jovens estava ligada à sua sabedoria
em entender seus atletas, desvendando seus talentos e suas limitações,
identificando os botões corretos a serem apertados. O do desejo? O da melhora
da autoestima? Enfim, era um mestre na arte de conhecer pessoas.
Bernardinho. Transformando Suor em Ouro. Rio de Janeiro.
Sextante. 2006. P.27 – 30.
01)
Sobre o texto é incorreto afirmar:
a) Trata-se de
uma autobiografia
b) São narrados
fatos que marcaram a vida de Bernardinho, ao mesmo tempo, autor, narrador e
personagem.
c) As
informações do local onde Bernardinho nasceu e o nome de seus pais, indicam a
veracidade do texto.
d) Sua historia
mostra uma educação esportiva que pendia para o sentimentalismo.
e) nra
02) No
texto, os fatos são narrados em uma sequência cronológica. Enumere as frases
abaixo, de 1 a 4, de forma que respeitem esta sucessão. Depois marque a
alternativa que apresente a sequência correta:
( ) Achando que
levávamos algum jeito, Vitorio nos convidou...
( ) O voleibol.
Descobri-o na praia, onde Rodrigo e eu jogávamos com uma turma de amigos.
( ) Uns 20 anos
depois, quando dirigia a seleção feminina do Brasil, eu costumava convidar
Bené...
( ) Nasci em
Copacabana, no Rio de Janeiro,...
a) 1 – 2 – 3 –
4
b) 3 – 2 – 4 –
1
c) 4 – 1 – 2 –
3
d) 2 – 3 –
4 – 1
e) 1 – 4 –
2 – 3
03) O
título deste texto é “Meus primeiros treinadores”. Para Bernardinho quem seria
o primeiro de todos?
a) Bené
b) Seu pai
c) Benedito
d) ele mesmo
e) nra
04)
Bernardinho afirma que aprendeu “mais do que jogar vôlei” com o treinador
Benedito da Silva. Qual característica do treinador foi mais marcante na
formação de Bernardinho como jogador?
a) Seus
levantes de raiva que levaram a ser o técnico rude que é hoje com seus jogares.
b) sua forma
amável de tratar seus jogadores e as pessoas perto, o que possibilitava um
entrosamento melhor entre as pessoas que o cercavam.
c) seu
profissionalismo nas horas mais difíceis.
d) a sabedoria
do treinador em desvendar novos talentos e limitações de cada jovem, motiva-lo
de acordo com a personalidade.
e) nra
05) Na
fala de Bené “- Chega, Bernardo! Vai pro chuveiro.” Encontramos
qual dos vícios de linguagem abaixo?
a) Chavão
b) Barbarismo
c) Pleonasmo
Vicioso
d) Neologismo
e) Arcaísmo