Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA:
(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.html) para realizarem-na de forma correta e não deixar que sejam
desclassificadas.
Otto Lara Resende
Acho que foi o
Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela
última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro
escritor quem disse. Essa ideia de olhar pela última vez tem algo de
deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira
que o Hemingway tenha acabado como acabou.
Se eu morrer,
morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo
modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê
não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta
curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia,
por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no
seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional
que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava
sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe
passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a
descortesia de falecer.
Como era ele? Sua
cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o
viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar
estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por
sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o
que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o
que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O
poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que
nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe
às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala
no coração o monstro da indiferença.
Texto publicado no
jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.
01) Após ler o texto, pode-se
afirmar que:
a) O autor do texto compartilha com a
opinião de Hemingway sobre a maneira de olhar as coisas.
b) “...não admira que Hemingway tenha
acabado como acabou.” Esta frase se refere ao suicídio de Hemingway.
c) Segundo o texto, normalmente, vemos
sempre com atenção as coisas que estão à nossa volta.
d) Ainda sobre o texto, somos curiosos em
relação às coisas que nos são familiares.
e) nra
02) No texto, o autor em
determinado momento diz: “A rotina embaça nossa visão, impede que percebemos o
que acontece a nossa volta. Isso fica claro no período ...
a) Você sai todo dia, por exemplo, pela
mesma porta.
b) Sei de um profissional que passou 32 anos
a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório
c) Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava
um recado ou uma correspondência.
d) Para ser notado, o porteiro teve que
morrer.
e) O hábito suja os olhos e lhes baixa a
voltagem.
03) Sobre a afirmação “Um poeta é
só isto: um certo modo de ver.”, o autor quis:
a) Expor a fragilidade de ser um poeta nos
dias de hoje.
b) A força da poesia, que em tempos de
cólera, divulgam esperança e certeza.
c) Dizer que o poeta sempre tem um modo
peculiar de ver o mundo e as pessoas à sua volta.
d) Dizer que um poeta consegue captar
muita coisa da vida rotineira que passa despercebida para a grande maioria das
pessoas.
e) nra
04) Observe este trecho do texto:
“Marido que nunca viu a própria mulher,
isso existe às pampas.”
Assinale a alternativa abaixo que respeita
a mesma regra de crase do exemplo acima:
a) Fomos à Itália de forma turística.
b) Vire à esquerda, por favor.
c) Eles irão às cidades com maior
percentual de infectados.
d) Estejam aqui na empresa às 11:00h em ponto.
e) Ele decidiu tomar suas decisões às
escuras.
05) Em qual das alternativas abaixo,
o termo sublinhado desempenha papel de Predicativo do Objeto?
a) Acho que foi o Hemingway quem disse que
olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez.
b) Pela primeira vez foi outro escritor
quem disse.
c) Se eu morrer, morre comigo um certo
modo de ver, disse o poeta.
d) O diabo é que, de tanto ver, a gente
banaliza o olhar.
e) O que nos cerca, o que nos é familiar,
já não desperta curiosidade.
06) Em qual das alternativas
abaixo, os termos em destaque NÃO representam Complemento Nominal?
a) Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma
porta.
b) Sei de um profissional que passou 32
anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório.
c) Tem olhos atentos e limpos para o
espetáculo do mundo.
d) É por aí que se instala no coração o
monstro da indiferença.
e) nra