Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA
(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.html) para
realizarem-na de forma correta e não deixar que sejam desclassificadas.
A MORTE DOS GIRASSÓIS
Caio Fernando Abreu
Mudando de assunto
sem mudar propriamente, tenho aprendido muito com o jardim. Os girassóis, por
exemplo, que vistos assim de fora parecem flores simples, fáceis, até um pouco
brutas.
Pois não são.
Girassol leva tempo se preparando, cresce devagar enfrentando mil inimigos,
formigas vorazes, caracóis do mal, ventos destruidores. Depois de meses, um dia
pá! Lá está o botãozinho todo catita, parece que já vai abrir.
Mas leva tempo, ele também, se produzindo. Eu cuidava, cuidava, e nada. Viajei
por quase um mês no verão, quando voltei, a casa tinha sido pintada, muro
inclusive, e vários girassóis estavam quebrados. Fiquei uma fera. Gritei com o
pintor: “Mas o senhor não sabe que as plantas sentem dor que nem a gente?” O
homem ficou me olhando tão pálido quanto aquele vizinho. Não, ele não sabe,
entendi. E fui cuidar do que restava, que é sempre o que se deve fazer.
Porque tem outra
coisa: girassol quando abre flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais
para a própria flor, compreende? Então, como se não suportasse a beleza que ele
mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida. Pois
conheço poucas coisas mais esplêndidas, o adjetivo é esse, do que um girassol
aberto.
Alguns amarrei com
cordões em estacas, mas havia um tão quebrado que nem dei muita atenção,
parecia não valer a pena. Só apoiei-o numa espada-de-são-jorge com jeito, e
entreguei a Deus. Pois no dia seguinte, lá estava ele todo meio empinado de
novo, tortíssimo, mas dispensando o apoio da espada. Foi crescendo assim
precário, feinho, fragilíssimo. Quando parecia quase bom, crau! Veio uma chuva
medonha e deitou-o por terra. Pela manhã estava todo enlameado, mas firme. Aí
me veio a idéia: cortei-o com cuidado e coloquei-o aos pés do Buda chinês de
mãos quebradas que herdei de Vicente Pereira. Estava tão mal que o talo pendia
cheio dos ângulos das fraturas, a flor ficava assim meio de cabeça baixa e de
costas para o Buda. Não havia como endireitá-lo.
Na manhã seguinte,
juro, ele havia feito um giro completo sobre o próprio eixo e estava com a
corola toda aberta, iluminada, voltada exatamente para o sorriso do Buda. Os
dois pareciam sorrir um para o outro. Um com o talo torto, outro com as mãos
quebradas. Durou pouco, girassol dura pouco, uns três dias. Então peguei e
joguei-o pétala por pétala, depois o talo e a corola entre as alamandas da
sacada, para que caíssem no canteiro lá embaixo e voltassem a ser pó, húmus
misturado à terra, depois não sei ao certo, voltasse à tona fazendo parte de
uma rosa, palma-de-santa-rita lírio ou azaléia, vai saber que tramas armam as
raízes lá embaixo no escuro, em segredo.
01) O cronista inicia o texto com a afirmativa: “[...] tenho aprendido muito com o jardim.” e descreve sua experiência com os girassóis. Segundo o texto, qual foi o pior inimigo dos girassóis?
a) O muro
b) A pintura
do muro
c) Os
girassóis
d) Os
girassóis quebrados
e) nra
02) Por que os demais inimigos podem ser
considerados menos nocivos ao girassol?
a) Porque
formigas, caracóis, ventos fazem parte da natureza e nem sempre agem todos ao
mesmo tempo, o que possibilita a recuperação das plantas.
b) Porque os
girassóis possuem um sobrevida muito forte, o que impede que elementos da
natureza interfira em seu desenvolvimento.
c) Porque,
diferente da ação do homem, os demais inimigos podem ser vencidos.
d) Porque
leva tempo para vence-los.
e) nra
03) O narrador faz uso de palavras que
personificam o girassol, dando-lhe características humanas. Qual dos trechos a
seguir, a parte em que o girassol aparece personificado, está incorreto de
acordo com sua explicação?
a) “de
cabeça baixa e de costas para o Buda” - “Estava tão mal que o talo
pendia cheio de ângulos das fraturas, a flor ficava assim meio de cabeça baixa
e de costas para o Buda.”
b) “exausto
da própria criação esplêndida” - “Então, como se não suportasse a
beleza que ele mesmo engendrou, caia por terra, exausto da própria criação
esplêndida”
c) “Os dois
pareciam sorrir um para o outro.”- “Na manhã seguinte, juto, ele havia
feito um giro completo sobre o próprio eixo e estava com a corola toda aberta,
iluminada, voltada exatamente para o sorriso do Buda. Os dois pareciam sorrir
um para o outro. Um com o talo torto, outro com as mãos quebradas.”
d) “Veio
uma chuva medonha e deitou-o por terra. Pela manhã estava todo enlameado, mas
firme.” – “Sofria com a seca que, deturpava sua beleza.”
e) nra
04) O narrador usa adjetivos que enfatizam
diferentes aspectos do girassol, como nos trechos a seguir. Qual das
alternativas abaixo, não se vê a utilização dos adjetivos destacados
enfatizando corretamente o girassol?
a) “Pois
conheço poucas coisas mais esplêndidas, o adjetivo é esse, do
que um girassol aberto.” (a beleza da flor)
b) “Pois no
dia seguinte, lá estava ele com todo empinado de novo, tortíssimo,
mas dispensado o apoio da espada.”( a capacidade de recuperação)
c) “O talo
é frágil demais
para a própria flor, compreende?”( a fragilidade)
d)“Foi
crescendo assim precário, feinho, fragilíssimo.”(a
estabilidade)
05) Ao descrever o que aconteceu com o girassol,
após a pintura do muro, o narrador diz: “E fui cuidar do que restava, que é
sempre o que se deve fazer.” Essa frase:
a) pode ser
um alerta em relação à natureza, à humanidade e aos animais.
b) pode ser
um alerta para que as pessoas protejam e cuidem do que ainda resta na natureza.
c) pode ser
um alerta tentando evitar a evolução.
d) Não é um
alerta.
e) nra
06) Abaixo, foram selecionados trechos do texto com
Conjunções em destaque. Aponte a alternativa onde o termo sublinhado não é conjunção.
a) Os dois
pareciam sorrir um para o
outro.
b) Não havia como endireitá-lo.
c) Um com o
talo torto, outro com as mãos
quebradas.
d) ... mas
havia um tão quebrado que nem
dei muita atenção.
e) Porque tem
outra coisa: girassol quando
abre flor, geralmente despenca.
07) Classifique cada interjeição presente
nas frases utilizando os códigos abaixo:
A – Interjeição de Alívio
B – Interjeição de Saudação
C – Interjeição de Dor
D – Interjeição de Chamamento
E – Interjeição de Espanto
( ) Ai! Torci meu joelho no meio fio.
( ) Meu Deus! Que miséria!
( ) Ei menina! Olhe para mim!
( ) Ufa! Até que enfim terminamos o trabalho!
( ) Adeus, crianças!
Agora
marque a alternativa que contenha a sequência correta das respostas:
a) E – D – A – B – C
b) C – E – D – A – B
c) D – A – B – C – E
d) A – B – C – E – D
e) B – C – E – D – A