Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA:
(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.html) para realizarem-na de forma
correta e não deixar que sejam desclassificadas.
Texto 01
O Sonho de Voar
Fernando Sabino
Uma noite tive um sonho
maravilhoso: sonhei que sabia voar. Bastava movimentar os braços, mãos abertas
ao lado do corpo fazendo círculos no ar, e eu me descolava do chão como um
passarinho, saía voando por cima das casas e pelos campos sem fim.
Durante vários dias aquele
sonho não me saiu da cabeça.
Acabei cismando que poderia
torná-lo realidade. Ia para o fundo do quintal e, longe da vista dos outros,
ficava horas seguidas ensaiando o meu vôo. Mexia com as mãos, sem parar, como
fizera no sonho, e nada. Eu sabia que não era uma questão de força, mas de
conseguir estabelecer, com o movimento harmonioso das mãos, um misterioso
equilíbrio entre o meu peso e o peso do ar. Como se estivesse dentro d'água e
quisesse me manter à tona: qualquer gesto mais forte ou afobado e eu me
afundava.
Pois um dia, depois de
muito treino, senti que começava a ficar mais leve. Ou era só impressão? Tinha
passado a fazer aqueles exercícios de calção de banho, justamente para sentir
que, sem a roupa, meu peso era menor. E naquele instante parecia que eu estava
quase flutuando no ar. Experimentei dar uns passos, bem de mansinho, como se
estivesse andando em cima d'água. E a sensação foi de não estar tocando o chão.
Descalço, já não sentia na sola dos pés o contato áspero da terra do quintal.
Por vários dias repeti a
experiência. Ao fim, já sabia instintivamente os movimentos que tinha de fazer
com o corpo para começar a flutuar, como alguém que tivesse aprendido a nadar.
Um ligeiro impulso com os braços, bem devagar, levantando os cotovelos, me
fazia deslizar mansamente, como se estivesse usando patins invisíveis. Apenas
não tinha força suficiente para ganhar altura, e toda vez que eu me
impacientava e fazia um movimento mais rápido, sentia meu corpo de súbito se
abater contra o solo.
Com a prática, acabei
conseguindo me erguer um ou dois palmos e sair deslizando pelo quintal durante
algum tempo. Mas era pouco. Assim de pé, não podia dizer que estivesse voando.
Eu percebia que só deitado, braços abertos como as asas de um pássaro, é que
chegaria a voar de verdade. Mas quando experimentava me deitar e movimentar os
braços como fazia de pé, sentia que jamais sairia do chão. Era como querer
nadar no fundo de uma piscina sem água.
Acabei me convencendo de que, para sair
voando, eu teria de já estar no ar.
Como? Subindo na mangueira
e me atirando lá de cima? Eu não era maluco a este ponto: o peso do meu corpo
faria com que eu me esborrachasse cá embaixo no chão. Era preciso que tivesse
como tomar algum impulso...
Foi então que me veio a solução.
No fundo do quintal de
nossa casa havia um pequeno bambuzal. Uma das brincadeiras que a gente fazia
ali era a de se dependurarem vários meninos num dos bambus, fazendo com que ele
se entortasse até que tocassem o pé no chão. Em dado momento todos, a um só
tempo, largavam o bambu, menos o que estivesse na ponta: este continuava
dependurado e subia como um foguete, agarrando-se com todas as forças no bambu
pura não ser atirado longe. E ficava balançando de um lado para outro lá em
cima, como um pêndulo, até que o movimento parasse de todo e ele pudesse vir
escorregando bambu abaixo.
Mais de uma vez eu
participara daquela brincadeira. Sendo o menorzinho, e portanto o mais leve, em
geral era o que ficava mais tempo balançando, dependurado na ponta do bambu.
Só que, agora, eu não ia
apenas me dependurar: ia subir com o bambu e aproveitar o impulso para sair
voando.
SABINO, Fernando. O Menino no Espelho. 27. Ed.
Rio de Janeiro, Record, 1982. p. 64-7.
01) Quais as providências tomadas pelo
menino para transformar o seu sonho em realidade, contadas no parágrafo citado
acima?
a) Ficar horas no fundo do quintal,
ensaiando o seu voo. Para tanto procurava
b) Estabelecer um horário onde não puder
ser visto pelas demais pessoas que, em muitas vezes, tiravam sarro de seus atos;
c) Tentar se esconder ao máximo de sua
família, que não achava normal suas atitudes;
d) Encontrar um meio termo entre a escola
e suas brincadeiras, para que relacionasse a ciência ao lúdico seus sonhos;
e) nra
02) O menino ensaiava seu voo "longe
das vistas dos outros". A que é atribuída essa necessidade de não ser
visto?
a) O menino provavelmente tinha
consciência de que as pessoas achariam estranha a sua atitude;
b) Era na individualidade de seus atos,
que ele raciocinava melhor no passo a passo que iria realizar;
c) Voar para o menino era mais uma questão
intimista do que algo que fosse para outros verem;
d) Ele não queria que, especificamente,
sua mãe, visse tal ato;
e) Não era uma escolha se esconder dos
outros, e sim, para ter espaço para realizar seus sonhos.
03) O narrador afirma que, depois de muito
treino, começou a ficar mais leve. Porém ele não demonstra certeza ao fazer
essa afirmativa. Que trecho do texto confirma isso?
a) “Com a prática, acabei conseguindo me
erguer um ou dois palmos...”
b) “Era como querer nadar no fundo de uma
piscina sem água.”
c) “Subindo na mangueira e me atirando lá
de cima?”
d) “Era preciso que tivesse como tomar
algum impulso...”
e) “Ou era só impressão?”
04) Aponte a alternativa incorreta em
relação ao texto:
a) Depois de ter-se exercitado bastante,
segundo relato da personagem, o resultado máximo pelo qual ela passou, foi ter
conseguido erguer-se um ou dois palmos do solo e deslizar pelo quintal durante
algum tempo mas em pé;
b) No final da experiência, a personagem
convenceu-se que para sair voando já teria de estar no ar;
c) "Era como queria nadar no fundo de
uma piscina sem água". Essa passagem refere-se ao momento em que a
personagem conta que se deitava no chão e movimentava os braços;
d) O texto lido pode ser considerado como
resultante de uma aventura real do menino;
e) nra
05) Todos os termos abaixo foram retirados
do texto 01. Aponte a alternativa onde todos os termos não possuam
semivogais:
a) noite – sonho – maravilhoso – voar.
b) movimentar – braços – mãos –
corpo.
c) círculos – passarinho – fundo – fim.
d) cabeça – horas – voo – campos.
e) quintal – cismando – realidade –
questão.
06) Em qual das alternativas abaixo, o
termo sublinhado apresenta Tritongo?
a) Acabei me convencendo
de que, para sair voando, eu teria de já estar no ar.
b) Subindo na mangueira e
me atirando lá de cima?
c) Era preciso que tivesse como tomar
algum impulso...
d) Foi então que me veio a
solução.
e) No fundo do quintal de
nossa casa havia um pequeno bambuzal.
07) Aponte a alternativa onde haja APENAS
palavras paroxítonas:
a) repeti – experiência – instintivamente
– movimentos.
b) flutuar – alguém – aprendido – ligeiro.
c) impulso – braços – cotovelos –
mansamente.
d) patins – invisíveis – suficiente –
altura.
e) rápido – súbito – solo – prática.