Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA:
(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.html) para
realizarem-na de forma correta e não deixar que sejam desclassificadas.
Texto 01
O carnaval e o
menino
CARLOS HEITOR CONY
Colunista
da Folha
"No grande
teatro da vida/ vão levar mais uma vez/ a revista colossal:/ pierrô, arlequim,
colombina/ vão a preços populares/ repetir o carnaval." Taí a quadrinha
de antiga, eu era menino e esperava o carnaval com certo temor, medo dos
mascarados e, ao mesmo tempo, vontade de ser um deles.
Até que fui - e
não apenas durante o carnaval. Grudei na cara várias máscaras -e se não obtive
poder e glória, ao menos sobrevivi no meu canto, fazendo um tipo de carnaval a
meu modo, véspera de cinzas.
Já encarei de
tudo. Desde os retiros espirituais no seminário (segundo as santas regras de
Santo Afonso Maria de Ligório), até o retiro forçado na cela da Polícia
Especial.
Também fui a
outros folguedos. Para opróbrio dos meus descendentes, saí de morcego
assustando outras crianças em Paquetá. Minha mãe havia feito complicada
fantasia de chinês (ou japonês, dava na mesma), cuja atração era o chapéu de
cartolina, em óbvio feitio de chapéu de chinês.
Tomaram meu
silêncio como aprovação. Suei frio ao me imaginar com aquele chapéu, mas aí o
meu irmão virou a mesa, ele ia sair de reles marinheiro americano, não era bem
uma fantasia mas um quebra-galho carnavalesco, urinou em cima do meu chapéu
chinês.
Não havia tempo
para a fabricação de um artefato elaborado como aquele. O pai deu-lhe safanões
por conta do chapéu e de outras patifarias genéricas e acumuladas.
Minha mãe foi ao
armarinho, comprou pano preto, a horrível máscara que cheirava a papelão e a
cola -e assim passei e passeei os três dias pelas ruas cheias de sol de
Paquetá, dando susto nas crianças que conhecia e evitando aquelas que não
conhecia, podiam ser mais fortes do que eu e aí o sovado seria eu.
Quando a tarde
caía, botava a máscara para trás da cabeça, sentindo-me amaldiçoado,
perguntando-me sem resposta: quem foi o cretino que inventou essas coisas? Em
casa, queriam saber se eu havia gostado. Respondia que sim.
No rádio, tocavam
as músicas do ano, o grande teatro da vida, o pierrô, o arlequim, a colombina a
preços populares -o pai não achava os preços tão populares assim. E numa
madrugada ele me acordou e me levou até a ponte onde chegava a última barca
trazendo os escombros, mutilados pedaços de um rancho que voltava do Rio. Os
fogos-de-bengala, ainda vivos e esverdeados, iluminavam as espumas que vinham
morrer na praia dos Tamoios. As lanternas de vidro colorido refletiam-se nas
cabeleiras empoadas dos mestre-salas.
Ao pisar terra
firme, o rancho renascia de seu cansaço e se arrastava uma vez mais na
marcha-hino que louva a ilha, "Paquetá é um céu profundo/ que começa neste
mundo/ mas não sabe onde acabar". O ritmo era mais lento e as luzes
ficavam mais tristes dentro da madrugada. Longe, o faroleiro do Xeréu apagava
seu facho vermelho: era outro dia.
Vestia o morcego
outra vez, a máscara com cheiro de papelão e cola, e eu sozinho, eu-morcego,
batendo as ruas cheias de sol, encontrava outros morcegos, era uma espécie de
fantasia oficial dos meninos de Paquetá.
E sentia frio na
espinha quando esbarrava com uma caveira, de camisola branca e encardida, a
cruz preta nas costas, devia ser um garoto igual a mim, mas nunca se sabe, e
esta dúvida me perseguia a tarde inteira, por que botam caveiras nas ruas do
carnaval?
E eu não entendia
o grande teatro da vida (tampouco o entendo agora) nem o pierrô com seu branco
rosto banhado de luar. E quando tirava a máscara, ela estava molhada de suor,
um suor tão salgado e meu que parecia lágrima.
01) Sobre o texto, é correto
afirmar que:
a) Trata-se de um texto narrativo pois o
autor conta a história do carnaval de sua infância;
b) Trata-se de um texto descritivo, porque
intercala detalhe das roupas, das músicas, das brincadeiras representando as
festas juninas do Brasil;
c) As primeiras linhas do texto estão em
itálico e entre aspas porque trata-se de uma citação do menino;
d) A expectativa do narrador-personagem
com relação ao carnaval não era conflituosa;
e) O narrador, apesar de fantasiar-se no
carnaval e colocar máscaras também na vida, não venceu o medo.
02) Ainda sobre o texto, não
é correto afirmar que:
a) O narrador esteve preso por um tempo, o
que é reforçado pelo trecho "retiro forçado na cela da polícia
especial";
b) No parágrafo em que se lê "tomaram
o meu silêncio como aprovação." É uma afirmativa que corresponde ao
provérbio "quem cala consente.";
c) Diante do comportamento do irmão, os
pais do narrador tomaram atitudes diferentes;
d) O narrador em relação às crianças,
evitava assustá-las, porque podiam ser mais fortes que ele;
e) O narrador sentia frio na espinha ao
ver alguém fantasiado de caveira, muito provavelmente devido ao seu tempo na
cadeia.
03) Pode-se afirmar que, no texto,
prevalece a:
a) 1ª pessoa do singular;
b) 2ª pessoa do singular;
c) 3ª pessoa do singular;
d) 1ª pessoa do plural;
e) 2ª pessoa do plural;
04) Em todos trechos abaixo,
retirados do texto, há a presença de Pronomes Pessoais o Caso Obliquo, com
exceção da alternativa...
a) E numa madrugada ele me acordou e me
levou até a ponte onde chegava a última barca...
b) O pai deu-lhe safanões por conta do
chapéu e de outras patifarias genéricas e acumuladas.
c) E numa madrugada ele me acordou e me
levou até a ponte onde chegava a última barca trazendo os escombros,...
d) As lanternas de vidro colorido
refletiam-se nas cabeleiras empoadas dos mestre-salas.
e) Quando a tarde caía, botava a máscara
para trás da cabeça, sentindo-me amaldiçoado,...
05) Carlos Heitor Cony foi um
jornalista e escritor brasileiro. Membro da Academia Brasileira de Letras desde
2000, foi colunista do jornal Folha de São Paulo e comentarista da rádio CBN de
São Paulo. Dentre seus vários textos escritos à Folha, há “O terceiro Mandato”
escrito em 2010. Veja o trecho incial deste texto:
“A Constituição de 1988 proíbe o terceiro mandato presidencial,
aliás, proibia também o segundo, mas os interessados descolaram a emenda para
reeleger um tucano.”
Neste trecho, podemos afirmar que:
a) há um número e dois numerais cardinais;
b) há um número e dois numerais ordinais;
c) há três numerais;
d) há três números;
e) não há números, apenas numerais.