segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

TAREFA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA 24/02/24 – VALE 5,0%

Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA:

(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.htmlpara realizarem-na de forma correta e não deixar que sejam desclassificadas.

Texto 01

O Sonho de Voar

Fernando Sabino

 

Uma noite tive um sonho maravilhoso: sonhei que sabia voar. Bastava movimentar os braços, mãos abertas ao lado do corpo fazendo círculos no ar, e eu me descolava do chão como um passarinho, saía voando por cima das casas e pelos campos sem fim.

Durante vários dias aquele sonho não me saiu da cabeça.

Acabei cismando que poderia torná-lo realidade. Ia para o fundo do quintal e, longe da vista dos outros, ficava horas seguidas ensaiando o meu vôo. Mexia com as mãos, sem parar, como fizera no sonho, e nada. Eu sabia que não era uma questão de força, mas de conseguir estabelecer, com o movimento harmonioso das mãos, um misterioso equilíbrio entre o meu peso e o peso do ar. Como se estivesse dentro d'água e quisesse me manter à tona: qualquer gesto mais forte ou afobado e eu me afundava.

Pois um dia, depois de muito treino, senti que começava a ficar mais leve. Ou era só impressão? Tinha passado a fazer aqueles exercícios de calção de banho, justamente para sentir que, sem a roupa, meu peso era menor. E naquele instante parecia que eu estava quase flutuando no ar. Experimentei dar uns passos, bem de mansinho, como se estivesse andando em cima d'água. E a sensação foi de não estar tocando o chão. Descalço, já não sentia na sola dos pés o contato áspero da terra do quintal.

Por vários dias repeti a experiência. Ao fim, já sabia instintivamente os movimentos que tinha de fazer com o corpo para começar a flutuar, como alguém que tivesse aprendido a nadar. Um ligeiro impulso com os braços, bem devagar, levantando os cotovelos, me fazia deslizar mansamente, como se estivesse usando patins invisíveis. Apenas não tinha força suficiente para ganhar altura, e toda vez que eu me impacientava e fazia um movimento mais rápido, sentia meu corpo de súbito se abater contra o solo.

Com a prática, acabei conseguindo me erguer um ou dois palmos e sair deslizando pelo quintal durante algum tempo. Mas era pouco. Assim de pé, não podia dizer que estivesse voando. Eu percebia que só deitado, braços abertos como as asas de um pássaro, é que chegaria a voar de verdade. Mas quando experimentava me deitar e movimentar os braços como fazia de pé, sentia que jamais sairia do chão. Era como querer nadar no fundo de uma piscina sem água.

Acabei me convencendo de que, para sair voando, eu teria de já estar no ar.

Como? Subindo na mangueira e me atirando lá de cima? Eu não era maluco a este ponto: o peso do meu corpo faria com que eu me esborrachasse cá embaixo no chão. Era preciso que tivesse como tomar algum impulso...

Foi então que me veio a solução.

No fundo do quintal de nossa casa havia um pequeno bambuzal. Uma das brincadeiras que a gente fazia ali era a de se dependurarem vários meninos num dos bambus, fazendo com que ele se entortasse até que tocassem o pé no chão. Em dado momento todos, a um só tempo, largavam o bambu, menos o que estivesse na ponta: este continuava dependurado e subia como um foguete, agarrando-se com todas as forças no bambu pura não ser atirado longe. E ficava balançando de um lado para outro lá em cima, como um pêndulo, até que o movimento parasse de todo e ele pudesse vir escorregando bambu abaixo.

Mais de uma vez eu participara daquela brincadeira. Sendo o menorzinho, e portanto o mais leve, em geral era o que ficava mais tempo balançando, dependurado na ponta do bambu.

Só que, agora, eu não ia apenas me dependurar: ia subir com o bambu e aproveitar o impulso para sair voando.

 


SABINO, Fernando. O Menino no Espelho. 27. Ed. Rio de Janeiro, Record, 1982. p. 64-7.

 

01) Quais as providências tomadas pelo menino para transformar o seu sonho em realidade, contadas no parágrafo citado acima?

a) Ficar horas no fundo do quintal, ensaiando o seu voo. Para tanto procurava

b) Estabelecer um horário onde não puder ser visto pelas demais pessoas que, em muitas vezes, tiravam sarro de seus atos;

c) Tentar se esconder ao máximo de sua família, que não achava normal suas atitudes;

d) Encontrar um meio termo entre a escola e suas brincadeiras, para que relacionasse a ciência ao lúdico seus sonhos;

e) nra

 

02) O menino ensaiava seu voo "longe das vistas dos outros". A que é atribuída essa necessidade de não ser visto?

a) O menino provavelmente tinha consciência de que as pessoas achariam estranha a sua atitude;

b) Era na individualidade de seus atos, que ele raciocinava melhor no passo a passo que iria realizar;

c) Voar para o menino era mais uma questão intimista do que algo que fosse para outros verem;

d) Ele não queria que, especificamente, sua mãe, visse tal ato;

e) Não era uma escolha se esconder dos outros, e sim, para ter espaço para realizar seus sonhos.

 

03) O narrador afirma que, depois de muito treino, começou a ficar mais leve. Porém ele não demonstra certeza ao fazer essa afirmativa. Que trecho do texto confirma isso?

a) “Com a prática, acabei conseguindo me erguer um ou dois palmos...”

b) “Era como querer nadar no fundo de uma piscina sem água.”

c) “Subindo na mangueira e me atirando lá de cima?”

d) “Era preciso que tivesse como tomar algum impulso...”

e) “Ou era só impressão?”

 

04) Aponte a alternativa incorreta em relação ao texto:

a) Depois de ter-se exercitado bastante, segundo relato da personagem, o resultado máximo pelo qual ela passou, foi ter conseguido erguer-se um ou dois palmos do solo e deslizar pelo quintal durante algum tempo mas em pé;

b) No final da experiência, a personagem convenceu-se que para sair voando já teria de estar no ar;

c) "Era como queria nadar no fundo de uma piscina sem água". Essa passagem refere-se ao momento em que a personagem conta que se deitava no chão e movimentava os braços;

d) O texto lido pode ser considerado como resultante de uma aventura real do menino;

e) nra

 

05) Todos os termos abaixo foram retirados do texto 01. Aponte a alternativa onde todos os termos não possuam semivogais:

a) noite – sonho – maravilhoso – voar.

b) movimentar – braços – mãos – corpo.  

c) círculos – passarinho – fundo – fim.

d) cabeça – horas – voo – campos.

e) quintal – cismando – realidade – questão.

 

06) Em qual das alternativas abaixo, o termo sublinhado apresenta Tritongo?

a) Acabei me convencendo de que, para sair voando, eu teria de já estar no ar.

b) Subindo na mangueira e me atirando lá de cima?

c) Era preciso que tivesse como tomar algum impulso...

d) Foi então que me veio a solução.

e) No fundo do quintal de nossa casa havia um pequeno bambuzal.

 

07) Aponte a alternativa onde haja APENAS palavras paroxítonas:

a) repeti – experiência – instintivamente – movimentos.

b) flutuar – alguém – aprendido – ligeiro.

c) impulso – braços – cotovelos – mansamente.

d) patins – invisíveis – suficiente – altura.

e) rápido – súbito – solo – prática.