segunda-feira, 11 de setembro de 2023

TAREFA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA 16/09/23 – VALE 10,0%

Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA:

(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.html) para realizarem-na de forma correta e não deixar que sejam desclassificadas.

 

NESTA SEMANA TEREMOS TAREFA APENAS DE LÍNGUA PORTUGUESA. NÃO HAVERÁ DE MATEMÁTICA.

 

Antes que elas cresçam

Affonso Romano de Sant'Anna

 

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.

Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?

Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas.

Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração.

Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela.

Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.

Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto.

No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes.

O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.

Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.

 


01) Sobre o texto acima, é incorreto afirmar que:

a) A crônica apresenta a visão do autor sobre a relação entre o crescimento dos filhos e os sentimentos dos pais

b) No primeiro parágrafo a frase "Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos." sintetiza a visão do autor sobre o fato explicitado na alternativa “a”;

c) Ao empregar a frase da alternativa “b”, o cronista demonstra contentamento;

d) Melancolia é o teor sentimental do texto do autor Affonso Romano;

e) nra

 

02) Ainda na frase "Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos." uma palavra utilizada fora do comum, revela os sentimentos do cronista. Qual é essa palavra?

a) Período;

b) Pais;

c) Órfãos;

d) Filhos;

e) nra

 

03) Algumas frases do texto fazem referência a diferentes períodos de crescimento do ser humano. Identifique abaixo, qual das frases não corresponde ao período do crescimento:

a) "Saíram do banco de trás e passaram para o volante das próprias vidas." - (vida adulta)

b) "Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços...” -  (infância)

c) “Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com uniforme de sua geração...” – (adolescência)

d) “Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas.” – (velhice)

e) nra

 

04) O cronista emprega, em alguns trechos desse texto, uma linguagem que busca um diálogo com o leitor. Que palavras utilizadas no undécimo parágrafo reforça a ideia de que o cronista busca essa cumplicidade?

a) Deveríamos, levamos, demos, compramos

b) Cama, anoitecer, alma, confidências

c) Hambúrgueres, cocas vírgulas sorvetes, roupas

d) Cobertores, colagens, pôsteres, agendas

e) Lençóis, adolescentes, infância, respiramos

 

05) De acordo com o cronista, caso o amor pelos filhos não se esgote, “o jeito é esperar”. Em que momento da vida os pais poderão esgotar esse amor?

a) Quando alcançarem a vida adulta;

b) Quando tiverem netos;

c) Quando conseguirem seu primeiro trabalho remunerado;

d) Quando se formarem na faculdade;

e) Quando casarem.

 

FIGURAS DE LINGUAGEM

 

06) Em todas as alternativas abaixo, aparece a figura de linguagem personificação, também chamada de prosopopeia, com exceção de...

a) as galinhas cacarejavam no sítio

b) os cachorrinhos estão felizes

c) os diários contam segredos

d) as taças de vinho celebram o ano novo

e) a natureza suplica por preservação

 

07) Em qual das alternativas abaixo, a figura de linguagem apresentada, está incorreta?

a) A Dama de Ferro, primeira-ministra do Reino Unido de 1979 a 1990; (antonomásia)
b) "Toc toc toc, três batidinhas na porta": PF na casa de ex-político gera memes; (onomatopeia)
c) “Quem com ferro fere com ferro será ferido.” - provérbio popular. (aliteração)
d) Cale a boca você! (hipérbato)
e) O seu pai é uma fera! (antítese)

 

08) Em qual das alternativas abaixo vemos a figura Hipérbato?

a) Aquilo que você me pedir, eu faço!

b) “Mas tem que arriscar, vem, vai ser sim ou não” (Anitta)

c) Em minha casa havia solidão...em meu coração tristeza.

d) O fascismo oprime e tortura e mata!

e) “É pau, é pedra, é o fim do caminho / É um resto de toco, é um pouco sozinho” (Tom Jobim)

 

09) Nos períodos abaixo, marque M, quando a for apresentada Metáfora, e C, quando for Comparação. Depois marque a alternativa que contenha a sequência correta das respostas:

 


a) M – M – C – C – M

b) M – C – C – C – M

c) M – C – M – C – M

d) C – M – C – M – C

e) C – C – M – M – C

 

10) Em todas as alternativas, temos duplas de Catacreses, com exceção de...

a) A batata da perna; A boca do vulcão;

b) A pele do tomate; A capa do livro;

c) O céu da boca; A raiz da questão;

d) A boca da garrafa; O pé da mesa;

e) O fio de azeite; o fio da navalha.