segunda-feira, 8 de maio de 2023

TAREFA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA 13/05/23 – VALE 5,0%

Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA:

(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.htmlpara realizarem-na de forma correta e não deixar que sejam desclassificadas.

 

O BOI DE GUIA

 

O menino tinha nascido e se criado em Ituverava, da banda de Minas. O pai era um carreiro de confiança, muito procurado para serviços e colheitas. Tinha seu carro antigo, de boa mesa rejuntada, fueirama firme, esteirado de couro cru, roda maciça de cabiúna ferrada, bem provido o berrante de azeite e com seu eixo de cocão cantador que a gente ouvia com distância de légua. Desses que antigamente alegravam o sertão e que os moradores, ouvindo o rechinado, davam logo a pinta do carreiro.

        O pai tinha o carro e tinha as juntas redobradas em parelhas certas, caprichadas, bois arados, retacos, manteúdos, de grandes aspas e pelagem limpa. Era só que possuía. O canto empastado onde morava, família grande, meninada se formando e sua ferramenta de trabalho – os bois de carro.

        Trabalhava para os fazendeiros de roda, principalmente na colheita de café e mantimentos, meses a fio, enchendo tulhas e paióis vazios. Quando acabava o café, era a cana, do canavial para os engenhos, onde as tachas ferviam noite e dia e purgavam as grandes formas de açúcar, cobertas de barro.

        O candeeiro era ele, pirralho franzino, esmirrado, de cinco anos.

        Os pais antigos eram duros e criavam os filhos na lei da disciplina. Na roça, criança não tinha infância. Firmava-se nas pernas, entendia algum mandado, já tinha servicinho esperando.

        Aos quatro anos montava em pelo, cabresteava potranquinha, trazia bezerro do pasto, levava leite na cidade e entregava na freguesia.

        Era botado em riba do selote, não alcançava estribo. Se descesse, não subia mais. Punha o litro nas janelas.

        O cavalo em que montava era velho, arrasado manso e sabido. Subia nas calçadas, encostava nos alpendres, conhecia as ruas, desviava-se das buzinas e parava certo nos fregueses.

         Quando de volta, recolhendo a garrafa vazia, gritava desesperadamente:

        - Garrafa do leite...garrafa vaziiia! ...

        Um da casa, atordoado com a gritaria, se apressava logo a entregar o litro requerido.

        Ajudava o pai. Desde que nasceu, contava ele. Nunca se lembra de ter vadiado como os meninos de agora. Quando começou a entender o pai, a mãe, os irmãos, o cachorro e o mundo do terreiro, já foi fazendo servicinho. Catava lenha fina, garrancheira para o fogão, caçava pela saroba os ninhos das botadeiras, ia atrás dos peruzinhos e já quebrava xerém às chocas de pinto. Do pasto trazia os bois de serviço. Seu gosto era vir pendurado no chifre do guia barroso – tão grande, tão forte, tão manso – sempre remoendo seus bolos de capim, nem percebia, também não se importava, não dava mostras.

        Acostumou-se com os bois e os bois com ele. Sabia o nome de todos e os particulares de cada um. Chamava pra mangueira. O pai erguia os braços possantes e passava as grande cangas lustrosas; encorreiava os canzis debaixo das barbelas, enganchava o cambão, encostava o coice, prendia a cambota. Passava mão na vara, chamava. As argolinhas retiniam e o carro com sua boiada arrancavam o caminho das roças.

        Com cinco anos, era mestre-de-guia, com sua varinha argolada.

        Às vezes, o serviço era dentro de roças novas, de primeira derrubada, cheia e tocos, tranqueirada de paulama, mal-encoivaradas, ainda mais com seus muitos buracos de tatu.

        O carreador, mal-amanhado, só dava o tantinho das rodas. Os bois que aguentassem o repuxado, e o menino, esse, ninguém reparava nele. Aí era que o carro vinha de caculo. A colheita no meio da roça. Chuvas se encordoando de norte a sul ameaçando o ar do tempo mudado e o fazendeiro arrochando pressa.

        A boiada tinha de romper a pulso. O aguilheiro na frente, pequeno, descalço, seu chapeuzinho de palha, seu porte franzino, dando o que tinha.

        Sentia nas costas o bafo quente do guia. Sentia no pano da camisa a baba grossa do boi. O pai atrás, gritando os nomes, sacudindo o ferrão. A boiada, briosa e traquejada, não queria ferrão no couro, a criança atrapalhava. Aí, o guia barroso dava um meneio de cabeça, baixava a aspa possante e passava a criança pra um lado.

        O menino tornava à frente. Outra vez a baba do boi na camisa, o grito do carreiro afobado, o tinido das argolinhas e a grande aspa passando a criança pra um lado.

        O pai gritou frenisado:

        - Quem já viu aguiero chamá boi de banda...Passa pra frente porquera...

        - Nhô pai, é o boi que me arreda...

        - Passa pra frente, covarde. Deixa de invenção, inzoneiro...

        O menino enfrentou de novo. O homem sacudiu a vara e pondo reparo. A argola retiniu, as juntas arrancaram. O barroso alcançou a criança. Ia pisar, ia esmagar com sua pata enorme e pesada.

        Não pisou, não esmagou. Virou o guampaço num jeito e passou a criança pra um lado sem magoar. Aí o velho carreiro viu...viu o boi pela primeira vez...

        Sentiu uma gastura e pela primeira vez uma coisa nova inchando seu coração no peito e a limpou uma turvação da vista na manga da camisa.

 


Cora Coralina. Estórias da casa velha da ponte. 2. ed. São Paulo: Global, 1988.

  

01) Em relação ao texto, é incorreto afirmar que:

a) O narrador utiliza os primeiros parágrafos do texto quase exclusivamente para descrever o carro de bois.

b) O carro de bois é muito importante para história pois se trata da ferramenta de trabalho do pai do menino.

c) No segundo parágrafo, descrevem-se os bois que conduzem o carro.

d) O menino precisava ser colocado em cima da sela do cavalo, porque não conseguia montar sozinho.

e) nra

 

02) Quando se cavalga, o cavaleiro é o condutor. Essa afirmativa...

a) é válida e justificada pelo texto;

b) é válida, apesar de não ser justificada pelo texto;

c) não é validada pelo texto, pois se trata de carros de bois;

d) não é validada pelo texto pois na narrativa o menino era o condutor, mesmo que pequeno de um carro de bois;

e) não é validada pelo texto pois nesse caso o verdadeiro condutor é o cavalo, que conhece o trajeto, para sobre as calçadas, desvia de buzinas e sabe onde ficam as casas dos fregueses.

 

03) “Na roça então criança não tinha infância”. Sobre este trecho do texto pode-se afirmar que:

a) As crianças na roça, crescem muito rápido, não aproveitando sua infância;

b) Crianças na roça adquirem maturidade muito rapidamente, devido aos seus estudos;

c) Morar com os pais, muitas vezes, nos fazem não aproveitar a infância;

d) Na roça, devido ao excesso de pessoas adultas, quase não se vê infantis;

e) As crianças tinham pouca Liberdade obedeciam cegamente os pais e tinham de ajudar no trabalho.

 

04) Qual passagem demonstra que o pai, finalmente acreditou na história que seu filho contava?

a) Os bois que aguentassem o repuxado, e o menino, esse, ninguém reparava nele.

b) Outra vez a baba do boi na camisa, o grito do carreiro afobado, o tinido das argolinhas e a grande aspa passando a criança pra um lado.

c) - Quem já viu aguiero chamá boi de banda...Passa pra frente porquera...

d) Não pisou, não esmagou. Virou o guampaço num jeito e passou a criança pra um lado sem magoar.

e) O homem sacudiu a vara e pondo reparo. A argola retiniu, as juntas arrancaram.

 

05) Em todas as alternativas abaixo, o sujeito está devidamente colocado entre parênteses, com exceção da alternativa...

a) O menino tinha nascido e se criado em Ituverava, da banda de Minas. (o menino);

b) O pai era um carreiro de confiança, muito procurado para serviços e colheitas. (o pai);

c) O candeeiro era ele, pirralho franzino, esmirrado, de cinco anos. (o candeeiro);

d) Os pais antigos eram duros e criavam os filhos na lei da disciplina. (os pais antigos);

e) O cavalo em que montava era velho, arrasado manso e sabido. (o cavalo em que montava).

 

06) Observe os trechos abaixo retirados do texto:

I - O pai erguia os braços possantes e passava as grande cangas lustrosas;

II - As argolinhas retiniam e o carro com sua boiada arrancavam o caminho das roças.

III - Às vezes, o serviço era dentro de roças novas, de primeira derrubada, cheia e tocos, tranqueirada de paulama, mal-encoivaradas, ainda mais com seus muitos buracos de tatu.

IV - O carreador, mal-amanhado, só dava o tantinho das rodas.

V - A boiada tinha de romper a pulso.

 

Agora marque a alternativa incorreta:

a) o núcleo do sujeito do trecho I é “pai”

b) o núcleo do sujeito do trecho II é “argolinhas”

c) o núcleo do sujeito do trecho III é “roças”

d) o núcleo do sujeito do trecho IV é “carreador”

e) o núcleo do sujeito do trecho I é “boiada”

 

07) Utilizando os códigos abaixo, classifique cada um dos sujeitos, e marque a alternativa que contenha a sequência correta de suas repostas:

( S ) Sujeito Simples

( C ) Sujeito Composto

 

(      ) Eu estou amando meu presente: um toca-discos vintage.

(      ) As valquírias eram as mensageiras, conhecidas como “as que escolhem os mortos”, que preparavam, dessa forma, o exército de Odin para o dia de enfrentamento 

(      ) “Romeu e Julieta” é uma tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare

(      ) Liberté, Egalité, Fraternité foi o lema da Revolução Francesa.

(      ) Laranja, limão, conhaque e licor de laranja, são ingredientes importantes na receita de Crepe Suzette.

 

a) S – C – C – C – C

b) S – S – S – S – C

c) S – S – C – C – C

d) S – C – S – C – C

e) S – S – S – C – C