Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA:
(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.html) para realizarem-na de forma
correta e não deixar que sejam desclassificadas.
O BOI DE GUIA
O menino tinha nascido e se
criado em Ituverava, da banda de Minas. O pai era um carreiro de confiança,
muito procurado para serviços e colheitas. Tinha seu carro antigo, de boa mesa
rejuntada, fueirama firme, esteirado de couro cru, roda maciça de cabiúna
ferrada, bem provido o berrante de azeite e com seu eixo de cocão cantador que
a gente ouvia com distância de légua. Desses que antigamente alegravam o sertão
e que os moradores, ouvindo o rechinado, davam logo a pinta do carreiro.
O
pai tinha o carro e tinha as juntas redobradas em parelhas certas, caprichadas,
bois arados, retacos, manteúdos, de grandes aspas e pelagem limpa. Era só que
possuía. O canto empastado onde morava, família grande, meninada se formando e
sua ferramenta de trabalho – os bois de carro.
Trabalhava
para os fazendeiros de roda, principalmente na colheita de café e mantimentos,
meses a fio, enchendo tulhas e paióis vazios. Quando acabava o café, era a
cana, do canavial para os engenhos, onde as tachas ferviam noite e dia e
purgavam as grandes formas de açúcar, cobertas de barro.
O
candeeiro era ele, pirralho franzino, esmirrado, de cinco anos.
Os
pais antigos eram duros e criavam os filhos na lei da disciplina. Na roça,
criança não tinha infância. Firmava-se nas pernas, entendia algum mandado, já
tinha servicinho esperando.
Aos
quatro anos montava em pelo, cabresteava potranquinha, trazia bezerro do pasto,
levava leite na cidade e entregava na freguesia.
Era
botado em riba do selote, não alcançava estribo. Se descesse, não subia mais.
Punha o litro nas janelas.
O
cavalo em que montava era velho, arrasado manso e sabido. Subia nas calçadas,
encostava nos alpendres, conhecia as ruas, desviava-se das buzinas e parava
certo nos fregueses.
Quando
de volta, recolhendo a garrafa vazia, gritava desesperadamente:
-
Garrafa do leite...garrafa vaziiia! ...
Um
da casa, atordoado com a gritaria, se apressava logo a entregar o litro
requerido.
Ajudava
o pai. Desde que nasceu, contava ele. Nunca se lembra de ter vadiado como os
meninos de agora. Quando começou a entender o pai, a mãe, os irmãos, o cachorro
e o mundo do terreiro, já foi fazendo servicinho. Catava lenha fina,
garrancheira para o fogão, caçava pela saroba os ninhos das botadeiras, ia
atrás dos peruzinhos e já quebrava xerém às chocas de pinto. Do pasto trazia os
bois de serviço. Seu gosto era vir pendurado no chifre do guia barroso – tão
grande, tão forte, tão manso – sempre remoendo seus bolos de capim, nem
percebia, também não se importava, não dava mostras.
Acostumou-se
com os bois e os bois com ele. Sabia o nome de todos e os particulares de cada
um. Chamava pra mangueira. O pai erguia os braços possantes e passava as grande
cangas lustrosas; encorreiava os canzis debaixo das barbelas, enganchava o
cambão, encostava o coice, prendia a cambota. Passava mão na vara, chamava. As
argolinhas retiniam e o carro com sua boiada arrancavam o caminho das roças.
Com
cinco anos, era mestre-de-guia, com sua varinha argolada.
Às
vezes, o serviço era dentro de roças novas, de primeira derrubada, cheia e
tocos, tranqueirada de paulama, mal-encoivaradas, ainda mais com seus muitos
buracos de tatu.
O
carreador, mal-amanhado, só dava o tantinho das rodas. Os bois que aguentassem
o repuxado, e o menino, esse, ninguém reparava nele. Aí era que o carro vinha
de caculo. A colheita no meio da roça. Chuvas se encordoando de norte a sul
ameaçando o ar do tempo mudado e o fazendeiro arrochando pressa.
A
boiada tinha de romper a pulso. O aguilheiro na frente, pequeno, descalço, seu
chapeuzinho de palha, seu porte franzino, dando o que tinha.
Sentia
nas costas o bafo quente do guia. Sentia no pano da camisa a baba grossa do
boi. O pai atrás, gritando os nomes, sacudindo o ferrão. A boiada, briosa e
traquejada, não queria ferrão no couro, a criança atrapalhava. Aí, o guia
barroso dava um meneio de cabeça, baixava a aspa possante e passava a criança
pra um lado.
O
menino tornava à frente. Outra vez a baba do boi na camisa, o grito do carreiro
afobado, o tinido das argolinhas e a grande aspa passando a criança pra um
lado.
O
pai gritou frenisado:
-
Quem já viu aguiero chamá boi de banda...Passa pra frente porquera...
-
Nhô pai, é o boi que me arreda...
-
Passa pra frente, covarde. Deixa de invenção, inzoneiro...
O
menino enfrentou de novo. O homem sacudiu a vara e pondo reparo. A argola
retiniu, as juntas arrancaram. O barroso alcançou a criança. Ia pisar, ia
esmagar com sua pata enorme e pesada.
Não
pisou, não esmagou. Virou o guampaço num jeito e passou a criança pra um lado
sem magoar. Aí o velho carreiro viu...viu o boi pela primeira vez...
Sentiu
uma gastura e pela primeira vez uma coisa nova inchando seu coração no peito e
a limpou uma turvação da vista na manga da camisa.
Cora
Coralina. Estórias da casa velha da ponte. 2. ed. São Paulo: Global, 1988.
01) Em relação ao texto, é incorreto afirmar que:
a) O narrador utiliza os primeiros parágrafos do
texto quase exclusivamente para descrever o carro de bois.
b) O carro de bois é muito importante para história
pois se trata da ferramenta de trabalho do pai do menino.
c) No segundo parágrafo, descrevem-se os bois que
conduzem o carro.
d) O menino precisava ser colocado em cima da sela
do cavalo, porque não conseguia montar sozinho.
e) nra
02) Quando se cavalga, o cavaleiro é o
condutor. Essa afirmativa...
a) é válida e justificada pelo texto;
b) é válida, apesar de não ser justificada pelo
texto;
c) não é validada pelo texto, pois se trata de
carros de bois;
d) não é validada pelo texto pois na narrativa o
menino era o condutor, mesmo que pequeno de um carro de bois;
e) não é validada pelo texto pois nesse caso o
verdadeiro condutor é o cavalo, que conhece o trajeto, para sobre as calçadas,
desvia de buzinas e sabe onde ficam as casas dos fregueses.
03) “Na roça então criança não tinha infância”.
Sobre este trecho do texto pode-se afirmar que:
a) As crianças na roça, crescem muito rápido, não
aproveitando sua infância;
b) Crianças na roça adquirem maturidade muito
rapidamente, devido aos seus estudos;
c) Morar com os pais, muitas vezes, nos fazem não
aproveitar a infância;
d) Na roça, devido ao excesso de pessoas adultas,
quase não se vê infantis;
e) As crianças tinham pouca Liberdade obedeciam
cegamente os pais e tinham de ajudar no trabalho.
04) Qual passagem demonstra que o pai, finalmente
acreditou na história que seu filho contava?
a) Os bois que aguentassem o repuxado, e o menino,
esse, ninguém reparava nele.
b) Outra vez a baba do boi na camisa, o grito do
carreiro afobado, o tinido das argolinhas e a grande aspa passando a criança
pra um lado.
c) - Quem já viu aguiero chamá boi de
banda...Passa pra frente porquera...
d) Não pisou, não esmagou. Virou o guampaço num
jeito e passou a criança pra um lado sem magoar.
e) O homem sacudiu a vara e pondo reparo. A argola
retiniu, as juntas arrancaram.
05) Em todas as alternativas abaixo, o sujeito está
devidamente colocado entre parênteses, com exceção da alternativa...
a) O menino tinha nascido e se criado em Ituverava,
da banda de Minas. (o menino);
b) O pai era um carreiro de confiança, muito
procurado para serviços e colheitas. (o pai);
c) O candeeiro era ele, pirralho franzino,
esmirrado, de cinco anos. (o candeeiro);
d) Os pais antigos eram duros e criavam os filhos
na lei da disciplina. (os pais antigos);
e) O cavalo em que montava era velho, arrasado
manso e sabido. (o cavalo em que montava).
06) Observe
os trechos abaixo retirados do texto:
I - O pai erguia os braços possantes e passava as
grande cangas lustrosas;
II - As argolinhas retiniam e o carro com sua
boiada arrancavam o caminho das roças.
III - Às vezes, o serviço era dentro de roças
novas, de primeira derrubada, cheia e tocos, tranqueirada de paulama,
mal-encoivaradas, ainda mais com seus muitos buracos de tatu.
IV - O carreador, mal-amanhado, só dava o tantinho
das rodas.
V - A boiada tinha de romper a pulso.
Agora
marque a alternativa incorreta:
a) o núcleo do sujeito do trecho I é “pai”
b) o núcleo do sujeito do trecho II é “argolinhas”
c) o núcleo do sujeito do trecho III é “roças”
d) o núcleo do sujeito do trecho IV é “carreador”
e) o núcleo do sujeito do trecho I é “boiada”
07) Utilizando
os códigos abaixo, classifique cada um dos sujeitos, e marque a alternativa que
contenha a sequência correta de suas repostas:
( S ) Sujeito Simples
( C ) Sujeito Composto
( ) Eu estou amando meu presente: um
toca-discos vintage.
( ) As valquírias eram as mensageiras,
conhecidas como “as que escolhem os mortos”, que preparavam, dessa forma, o
exército de Odin para o dia de enfrentamento
( ) “Romeu e Julieta” é uma tragédia
escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William
Shakespeare
( ) Liberté, Egalité, Fraternité foi o lema
da Revolução Francesa.
( ) Laranja, limão, conhaque e licor de
laranja, são ingredientes importantes na receita de Crepe Suzette.
a)
S – C – C – C – C
b)
S – S – S – S – C
c)
S – S – C – C – C
d)
S – C – S – C – C
e)
S – S – S – C – C