segunda-feira, 22 de maio de 2023

TAREFA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA 27/05/23 – VALE 10,0%

Primeiramente, quero que leiam as REGRAS DE TAREFA:

(http://cursopreparatorioparacefetmt.blogspot.com/2022/01/regras-de-tarefa-do-curso-para-novos.htmlpara realizarem-na de forma correta e não deixar que sejam desclassificadas.

Esta semana teremos apenas Tarefa de Língua Portuguesa a ser entregue no sábado, valendo 10%, uma vez que quero terminar a folha de Problemas para realizar uma tarefa mais uniforme de Matemática.

  

Texto 01

 

MOÇA DEITADA NA GRAMA

 

A moça estava deitada na grama.

Eu vi e achei lindo. Fiquei repetindo para meu deleite pessoal: “Moça deitada na grama. Deitada na grama. Na grama”. Pois o espetáculo me embevecia. Não é qualquer coisa que me embevece, a esta altura da vida. A moça, o estar deitada na grama, àquela hora da tarde, enquanto os carros passavam e cada ocupante ia ao seu compromisso, à sua alegria ou à sua amargura, a moça e sua posição me embeveceram.

Não tinha nada de exibicionista, era a própria descontração, o encontro do corpo com a tranquilidade, fruída em estado de pureza. Quem quisesse reparar, reparasse; não estava ligando nem desafiando costumes nem nada. Simplesmente deitada na grama, olhos cerrados, mãos na testa, vestido azul, sapatos brancos, pulseira, dois anéis, elegante, composta. De pernas, mostrava o normal. Não era imagem erótica.

Dormia? Não. Pequenos movimentos indicavam que permanecia consciente, mas eram tão pequenos que se percebia seu bem-estar inalterável, sua intenção de continuar assim à sombra dos edifícios, no gramado.

Resolvi parar um pouco, encantado. Queria ver ainda por algum tempo a escultura da moça, plantada no parque como estátua de Henry Moore, uma estátua sem obrigação de ser imóvel. E que arfava docemente. Ah, o arfar da moça, que lhe erguia com leveza o busto, lembrando o sangue de circular nas artérias silenciosas, tão vivo; e tão calmo, como se também ele quisesse descansar na grama, curtir para sempre aquele instante de felicidade.

Eis se aproxima um guarda, inclina-se, toca no ombro da moça. De leve. Ela abre os olhos, sorri bem-disposta:

– Quer deitar também? Aproveita a tarde, tão gostosa.
Ele se mostra embaraçado, fala aos pedaços:

– Não, moça… me desculpe. É o seguinte. A senhora… quer fazer o favor de levantar?

– Levantar por quê? Está tão bom aqui.

– A senhora não pode ficar aí assim não. Levante, estou lhe pedindo.

– Por que hei de levantar? Minha posição é cômoda, eu estou bem aqui. Olhe ali adiante aquele homem, ele também está deitado na grama.

– Aquele homem é diferente, a senhora não percebe?

– Percebo que é homem, e daí? Homem pode, mulher não?

– Bom, poder ninguém pode, é proibido, mas sendo homem, além disso mindingo…

– Ah, compreendo agora. Sendo homem e mindingo, tem direito a deitar no gramado, mas sendo mulher, tendo profissão liberal, pagando imposto de renda, predial, lixo, sindicato, etc., nada feito. É isso que o senhor quer dizer?

– Deus me livre, moça. Quem sou eu para dizer uma coisa dessas? Só que é a primeira vez, e eu tenho dez anos de serviço, que vejo uma dona como a senhora, bem-vestida, bem-apessoada, assim espichada na grama. Com a devida licença, achei que não ficava bem imitar os homens, os mindingos, que a gente tem pena e deixa por aí…

– Faça de conta que eu também sou mindinga – e a moça abriu para ele um sorriso especial.

– Para o bem da senhora, não convém se arriscar desse jeito.

– Eu acho que não estou me arriscando nada, pois tem o senhor aí me garantindo.

– Obrigado. Eu garanto até certo ponto, mas basta a gente virar as costas, vem aí um elemento e furta o seu reloginho, a sua bolsa, as suas coisas.

– Sei me defender, meu santo. Tenho o meu cursinho de caratê.

– Tá certo, mas não deve de facilitar. A senhora se levante, em nome da lei.

– Espere aí. Ou todos se levantam ou eu continuo deitada em nome da lei da igualdade.

– Essa lei eu não conheço, dona. Não posso conhecer todas as leis. Essa que a senhora fala, eu acho que não pegou.

– Mas deve pegar. É preciso que pegue, mais cedo ou mais tarde.

– Não vai levantar?

– Não.

Ele coçou a cabeça. Agarrar a moça era violência, ela ia reagir, juntava povo, criava caso. Afinal, não estava fazendo nada de imoral nem subversivo. Por outro lado, não pegava bem moça deitada na grama – ele devia ter na mente a idéia de moça vestida de gaze, aérea, meio arcanjo, nunca deitável no chão de grama, como qualquer vagabundo fedorento.

– A senhora não devia me fazer uma coisa dessas.

– Fazer o quê?

– Me expor nesta situação.

– Eu não fiz nada, estava numa boa oriental, o senhor chega e…

– É muito difícil lidar com mulheres, elas têm resposta para tudo.

– Vamos fazer uma coisa. O senhor faz que não me viu, vai andando, eu saio daqui a pouco. Só mais dez minutos, para não parecer que estou cedendo a um ato de força.

– Pode ficar o tempo que quiser – decidiu ele. – A senhora falou numa tal lei da igualdade, então vamos cumprir. Só que aquele malandro ali adiante tem de se mandar urgente, eu vou lá dar um susto nele, já gozou demais da lei da igualdade, agora chega!

 


Carlos Drummond de Andrade, Moça deitada na grama.

Rio de Janeiro, Record, 1987. P. 9-12.

 

01) A frase “Não é qualquer coisa que me embevece a essa altura da vida” mostra que:

a) O cronista já não era jovem

b) O cronista não tinha medo da morte

c) O cronista teme a morte como qualquer outro ser humano

d) O cronista compadece da situação da moça

e) nra

 

02) Sobre o texto é correto afirmar que:

a) A moça deitada na grama compõem uma cena que transmitia tranquilidade, calma e descontração

b) A chegada de um guarda não perturbou a tranquilidade da Moça

c) O convite que a moça faz ao Guarda para aproveitar a tarde gostosa, a fala dela e sua capacidade de argumentar, deixa o mais seguro de si

d) O sinal de pontuação que revela na resposta do guarda qaue ele ficou encabulado, é o ponto de exclamação

e) A moça em momento algum se acha no direito de desobedecer o guarda

 

03) Sobre o texto é incorreto afirmar que

a) Ao dizer que o outro além de ser homem era mendigo, o guarda contra-argumenta a moça

b) Ao comparar a atitude da moça quando mendigo, o guarda leva em conta a diferença de sexo e a situação social de cada um

c) Ao dizer “A senhora se levante em nome da lei.” o contra-argumento utilizado pela moça é, “ou todos se levantam ou eu continuo deitada em nome da lei da igualdade”

d) A moça quis sair um pouco depois do guarda para não parecer que está cedendo a um ato de força

e) nra

 

04) Observe o quadro abaixo, obra de Almeida Júnior:

 



Aponte qual das características abaixo, não é algo em comum entre a obra de Almeida Junior e o texto de Carlos Drummond de Andrade

a) calma

b) tranquilidade

c) descontração

d) determinação

e) suavidade

 

05) Em qual das alternativas abaixo, temos, SOMENTE Predicado Nominal?

a) A moça estava deitada na grama.

b) Fiquei repetindo para meu deleite pessoal:

c) Não é qualquer coisa que me embevece, a esta altura da vida.

d) De pernas, mostrava o normal.

e) Dormia? Não.

 

06) Observe os trechos a seguir, retirados do texto:

I – Resolvi parar um pouco, encantado.

II – Queria ver ainda por algum tempo a escultura da moça, ...

III – E que arfava docemente.

IV – Eis se aproxima um guarda, inclina-se, toca no ombro da moça.

V – De leve. Ela abre os olhos, sorri bem-disposta:

 

Em quais deles vemos Predicativo do Sujeito?

a) I e II

b) II, III e IV

c) I, III e IV

d) I e V

e) II, II e V

 

07) Em todas as alternativas abaixo, a oração destacada apresenta Predicado Verbal, com exceção de...

a) – Ou todos se levantam ou eu continuo deitada em nome da lei da igualdade.

b) – Aquele homem é diferente, a senhora não percebe?

c) – Ah, compreendo agora.

d) – Faça de conta que eu também sou mindinga 

e) – Espere aí.

 

Texto 02

 

NOTURNO

 

O apito do trem perfura a noite.
As paredes do quarto se encolhem.
O mundo fica mais vasto.

Tantos livros para ler
tantas ruas por andar
tantas mulheres a possuir…

Quando chega a madrugada
o adolescente adormece por fim
certo de que o dia vai nascer especialmente para ele.


 

Paes, José Paulo. Prosas seguidas de Odes mínimas.

São Paulo, Companhia das Letras, 1992. p. 17.

 

08) Aponte a alternativa incorreta em relação ao texto 02:

a) Ao optar por um ruído para quebrar o silêncio da noite, o poeta escolheu o apito de um trem;

b) Dentro do poema, o trem pode ser associado a viagem, ampliação de horizontes;

c) Uma das características desse texto é a presença de linguagem figurada;

d) Em contraponto com a ideia despertada pelo apito do trem, o quarto parece ficar menor;

e) nra

 

09) Em qual dos versos abaixo o predicado é Nominal?

a) O apito do trem perfura a noite.
b) As paredes do quarto se encolhem.
c) O mundo fica mais vasto.
d) Quando chega a madrugada
e) o adolescente adormece por fim